quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Só palavras

O incerto quando é certo
Desconserta o concerto
Entorta o reto
Deixa sem tom

A surpresa quando é boa
Entra de repente
Sai depressa
Fica na lembrança

O carinho quando é bom
Mesmo curto parece eterno
E o beijo quando é doce
Transforma em céu o inferno

domingo, 3 de outubro de 2010

Cansei de pessoas.

“Quanto mais conheço pessoas, mais gosto do meu cachorro”. É, frase de efeito, mas tem sido a minha frase feita. Pessoas são traiçoeiras, pessoas machucam, pessoas são más. Pessoas utilizam do racional para fazer o outro de “gato e sapato”. As vezes eu queria ser irracional ou conviver com irracionais. A razão acaba com a simplicidade, torna tudo mais difícil e muitas vezes indecifrável. A ingenuidade já foi abolida, há muito tempo. Hoje em dia as pessoas vêem malícia até mesmo em coisas pequenas.

O mundo é feito de ironia e tudo fica nas entrelinhas. Conversar com alguém, sobre algo sério, ficou mais difícil do que ler bula de remédio sem óculos. Hoje em dia, até as crianças que não viam maldade estão vendo. Além de irônicas, as pessoas acham que estão sempre certas e insistem em competir em todo tipo de coisa. Da competição vem a rivalidade e da rivalidade o ódio e por aí vai. Sentimentos horríveis que na maioria das vezes são colocados para fora em situações banais que poderiam ser resolvidas só com uma conversa.

Resumindo: Pessoas me cansam. Cansei da falta de senso delas, da ironia e da forma como elas são mau caráter. Já que é época de eleições voto em menos pessoas e mais cachorros. Quero mais é ser amiga do meu cachorro.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Ação e Reação

Prometo atualizar com mais frequência.

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O relógio marcava dez e meia. Resolvi levantar da noite mal dormida. Noite em que meu corpo incansavelmente fez o favor de virar e desvirar tentando pegar num sono que não existia. Abri os olhos e pensei que levantar não seria boa idéia. Não depois de ontem. Não depois do que eu fiz. Eu não costumo agir por impulso, mas tem horas que nem eu me agüento.

Quando a gente é pequeno e tá começando a entender a vida a mamãe diz: “Pense duas vezes antes de agir.”. Quando a gente cresce, isso muda. Vira: “Aja duas vezes antes de pensar.”. Eu nunca pensei que fosse tão ruim ter que pensar depois de agir. “Fez tá feito, agora agüenta as conseqüências.”.

Eu não vou conseguir anular meus problemas deitada aqui, mas pelo menos eu os adio por um tempo. Não acho que fugir seja a solução até porque até onde eu sei o problema está dentro de mim e eu não vou conseguir me livrar dele com a facilidade que eu quero.
Agir sem pensar é fácil, pensar depois de agir é frustrante, doloroso e angustiante. Na hora de agir tudo parece tão simples, tudo é chamativo, atrativo. Tudo te leva a pecar da melhor maneira possível, o instante fica perfeito, o medo de errar desaparece e a vontade fala muito mais alto do que a consciência.

O escondido é mais gostoso, o proibido é mais gostoso. Na hora foi maravilhoso. Tudo começou com aquela festa na casa da Elisa. Muita bebida, muito rock n’roll e ele. Ele estava LINDO com aquele casaco de couro preto, aquele cabelo bagunçado milimetricamente perfeito e olhou pra mim desde o momento em que eu cheguei.

Não sei como, mas depois de algumas doses de tequila eu estava numa conversa sem fim com ele, culpa da Elisa. A Elisa é minha amigona, daquelas que a gente vive grudada, sabe? Ela sempre soube que eu tinha uma quedinha (tombo) pelo Felipe, por isso chamou ele para a festa e ficou o tempo todo colocando pilha para gente se entender, porque até aquele dia só haviam rolado trocas de olhares.

Não lembro de mais nada. Só lembro de acordar na cama dos pais da Elisa com o Felipe do meu lado. Minha cabeça girava, eu tentei levantar, mas parecia que ela era uma bola de boliche e me puxava para baixo. Depois de muito tentar, levantei e fui para casa. Queria entender o que havia acontecido naquela noite. Queria falar com Felipe no dia seguinte, mas o tempo passou e eu não tinha cara para falar com ele. Será que ele lembrava?

Passaram-se dias, semanas. Nem a minha coragem para falar com o Felipe e nem minha menstruação apareciam. Agora minha cabeça começava a pesar de tanta coisa que se passava nela. Podia ser coincidência ou conseqüência.

Liguei para Elisa, aflita. Precisava muito dela. Ela foi comigo na farmácia e compramos cinco testes de gravidez. Todos, todos, todos deram positivo. Meu mundo desabou. Minha vida acabou. Eu não era mais eu. Agora eu era eu e ele, ou ela.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Outono Incessante

Era outubro, as folhas caíam e o tempo estava ligeiramente nublado. As nuvens faziam no céu um desenho irregular e a tristeza abatia a cidade naquele dia de outono. Lauren já não via mais saída, seu coração estava tomado por uma dor inigualável. Sim, ela sabia que era hora de seguir em frente, mas algo lhe dizia que se ela seguisse em frente, perderia o passado para sempre. Aquele dia nunca terminou para Lauren, a esperança estava com ela.

Numa manhã ensolarada, ele acordou bem disposto, disse que viajaria a trabalho para uma cidade próxima, mas que voltava no mesmo dia. Pediu a companhia da esposa até a estação de Leepolden. A despedida foi clichê e romântica: um beijo cinematográfico, interminável e maravilhoso. Ele nunca a havia beijado daquela maneira antes. Após o beijo, Paul virou as costas como se estivesse escondendo a lágrima que caía de seu rosto e andou em direção ao trem sem olhar para trás.

Lauren caminhou para casa pensativa e preocupada. "Por que diabos esse beijo? Afinal, ele voltaria no mesmo dia, não?". Pensamentos como este rondavam a cabeça dela, não havia espaço sem para pensar no cardápio do jantar. Para que o dia passasse da maneira mais rápida possível, Lauren preparou a comida preferida do marido e arrumou a casa para que ele viesse.

O dia se arrastou, se arrastou, se arrastou e finalmente chegou ao fim. Já havia passado das dez da noite e nada dele chegar. Lauren foi deitar com o coração apertado e a mágoa tomando conta de seu ser. Preocupada e sem conseguir dormir, resolveu mandar uma carta para ele. A carta dizia:

"Querido Paul,
O que quis dizer aquele beijo? Não foi só um simples beijo, eu vi a lágrima caindo de seus olhos. Isso é um fim?"

Dias se passaram e a carta nunca foi respondida. Para Lauren, a vida não tinha mais graça. Chegou o mês de Maio, seu aniversário. Finalmente a tão esperada resposta:

"Lauren, minha amada.
Perdoe-me pela indelicadeza e demora da resposta. Sim, o beijo foi um Adeus. O Adeus mais difícil da minha vida para pessoa que eu mais amei e amarei para todo o sempre. Temo em dizer que foi necessário, pois não queria mais te fazer sofrer, porém comigo por perto o sofrimento seria bem pior. A verdade é que eu não viajei para uma cidade próxima e sim para Boston, para que pudesse ter o melhor dos tratamentos. Escondi isso de você o quanto pude. Mas agora é hora de dizer a verdade. Não sei até quando vou aguentar, mas eu queria ter certeza de que minhas últimas palavras seriam: Eu te amo e para sempre vou te amar não importa aonde esteja, nem o que esteja fazendo. Voce é a mulher da minha vida.
Do seu,
Paul"

Uma lagrima escorreu de seu rosto. Paul e Lauren eram como um só e para sempre seriam um só.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

MELHOR AMIGO DO HOMEM?

Sumi. É, eu sei. As vezes a gente tem essa vontade. Mas nesse caso, foi por motivo de força maior. Meu laptop estava no conserto e é nele que estão todos os meus textos e devaneios.

Só pra atualizar, um texto que eu escrevi na casa do meu pai. Lá no prédio mora um casal que tem 3 poodles, aí já viu, né? Lembrem-se: o texto foi escrito em um dia de raiva e tensão, por isso está extremamente exagerado!


MELHOR AMIGO DO HOMEM?

Quem disse que o melhor amigo do homem é o cachorro está muito enganado, salvo exceções. Eu, particularmente, acho que pode ser um dos piores inimigos. Primeiro porque você nunca sabe se ele te entende realmente, segundo porque ele não fala sua língua, terceiro porque ele é uma animal irracional.
Eu nunca tive medo de cachorro, mas eu não sou daquelas pessoas que vê qualquer um na rua e para para acariciar, brincar, etc. Para mim tanto faz. Não viveria com um por motivos óbvios: eles dão mais trabalhos e gastos do que um filho e eles fedem. Sua casa INTEIRA fica com aquele cheiro de pano de chão sujo e molhado.
Uma raça que para mim é "hors concours" em chatisse é a dos poodles. Ô bichinho ordinário! Nunca vi. Primeiro que o latido deles é irritante porque é agudo e incessante, segundo porque eu tenho a teoria de que existem aliens debaixo daquele pelo. E por último, mas não menos importante: Se a gente deixar, os poodles dominam o mundo.
O vizinho de baixo do meu apartamento tem três poodles. Eu tenho a ligeira impressão de que qualquer dia, ele e a mulher dele vão ser abduzidos. Ô racinha, viu? Eu posso chegar em casa a hora que for que eles vão latir para me assustar. E não é um latidinho só, é pior do que choro de criança. Agora explica: O que dá na cabeça de um cara para comprar TRÊS poodles. Não é só um. São TRÊS! Um, dois, três.
Eu ainda mato esses três aliens. E o vizinho vai junto. Ele e a mulher!

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Ache o novo tom

Cansei de ter que procurar seu tom
De cantar sua música
Por que sempre eu
que tenho que ajustar meus acordes?
Por que sempre eu
tenho que acompanhar a sua melodia?

Eu cansei de correr atrás
De instrumentos para compor sua banda
E de ter que escrever letras
Que falem de você

Quero falar de mim
Fazer do meu jeito
Tocar meus instrumentos
E seguir com a minha melodia


Meu tom é diferente do seu
E sinto ele muito mais confortável
Por isso, antes de tentar entrar com a sua música
Ajuste-a, pois isso eu não faço mais

O tom agora é o meu
A letra agora sou eu
Entenda que mudou
Se acostume com o novo tom

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Leve abandono;

Ai, eu abandonei aqui, né? Não vou mentir dizendo que tô sem tempo, nem vou falar que faltou inspiração porque eu tô escrevendo uns textos de vez em quando. A verdade é que na maioria das vezes eu esqueço disso aqui e quando eu lembro ou eu tô sem saco de postar ou eu quero escrever um texto atual e maneiro na hora pra postar e a inspiração foge que nem o cavalo do bandido.

Mas vai, vamos falar sério agora. Tô de férias e tô com tempo. Prometo que agora eu vou tentar postar no mínimo uma vez por semana. Afinal, eu não faço nada da vida.

A vida tá confusa, viu? É, aquela mesmo, que fica do lado esquerdo do peito. Não sei o que é, não sei o que não é. As vezes está e as vezes não. É tão incerto, tão obscuro e as vezes vira um labirinto que eu não sei decifrar.

Por hoje é só!
Tô feliz por que a Pathy do Galo Frito vai me dar uma entrevista! Prontofalei!

Beeeijo

domingo, 13 de junho de 2010

O Consultório

- Boa tarde Dr. Sérgio, tudo bem com o senhor? Comigo não. Eu estava com um pouco de receio de vir aqui. É que sei lá, eu acho que essa coisa de terapia é só pra maluco, sabe? E eu tenho certeza que maluca eu não sou. Bom, já que é para falar, vamos falar, né?
- Tenho dois filhos lindos: Alice, de 5 anos. Pele clara, olhos azuis, alta para idade e com bochechas coradas. Saudável, feliz, amável, quieta e obediente: a filha que toda mãe pediu a Deus. E Pedro, de 9 anos. Moreno dos cabelos lisos. Parece um indiozinho. Diferente de Alice, Pedro é arteiro e teimoso. Eu amo os dois. Tanto a tranquilidade de Alice quanto a bagunça de Pedro.
- Mas meu marido... Ai, o Luiz Claudio é foda, doutor! Ele consegue me tirar do sério com uma facilidade que o senhor nem imagina! É que eu fico bem até ele chegar. A rotina é a seguinte: entra, não cumprimenta, senta naquele sofá, vê o futebol, não ajuda com as crianças. Sabe doutor, eu acho que ele acha que a vida é muito fácil. Só quer as crianças bonitas pra exibir nas festinhas. Agora eu? Eu me fodo cuidando delas doutor!
- Ai doutor, desculpa o excesso de palavrões, estou bastante irritada e não sei como o senhor é com isso. É que eu estou explodindo, sabe? Eu sou uma mulher muito controlada e não preciso de terapia! Eu não queria vir, foi a Marcela que me convenceu. Marcela é minha melhor amiga. Daquelas que a gente não larga, sabe? Que dá os melhores conselhos, te coloca pra pensar. Eu conheci a Marcela na faculdade e desde então somos unha e carne. Quando eu ia casar com o Luiz Cláudio, ela falou que eu estava me precipitando. Eu estava muito apaixonada, cega de amores, sabe? Nem liguei para o que ela falava.
- No início o Luiz Cláudio parecia ser o homem da minha vida, agora é tudo diferente! E se ele estiver me traindo? Ai doutor, eu acho que eu infarto. Será que ele está me traindo? Porque, pensa só, é isso ou ele virou gay! Um cara que chega em casa e nem olha pra mulher, ou está com outra ou virou biba! O que você acha hein, Dr. Sérgio? O senhor não vai falar nada? Então é assim? A gente vem aqui, paga uma fortuna para falar com uma parede? O senhor ta aqui pra me ajudar ou o que? Não disse que é coisa de maluco? Eu hein...
(Salete, a recepcionista, entra na sala e avisa que o tempo acabou.)
- Já? Como assim? Ai meu Deus, mas eu nem terminei de falar! E agora a angústia aumentou! Salete, faz favor, marque no mesmo horário semana que vem. Boa tarde Dr. Sérgio.
(Passam-se 15 minutos e chega correndo o paciente das 16 horas.)
- Boa tarde Dr. Sérgio. Meu nome é Luiz Cláudio, prazer. O senhor tem certeza que esse negócio de terapia não é coisa de bicha? Os caras do futebol começaram a tirar onda com a minha cara quando eu falei que vinha. Falaram que é só bicha e doido que vem aqui. Bom, já que eu vim aqui, vamos falar.
- É o seguinte, doutor. Eu tenho uma confissão para fazer. Eu traí minha mulher. É... Fiz a maior merda da minha vida e agora eu estou agindo pior ainda. Eu não consigo mais olhar na cara dela, nem agir normalmente.
- Bom, vamos começar desde o início. Eu conheci a Carolina na faculdade, foi amor a primeira vista. A gente começou a namorar e eu fui logo pedindo ela em casamento. No início era tudo as mil maravilhas doutor! Tivemos dois filhos lindos: Alice e Pedro.
- Estava tudo indo muito bem até eu entrar pra empresa que eu trabalho hoje em dia. Eu e a gostosa da minha secretária! Doutor, o senhor que é homem deve me entender que depois do segundo filho o corpinho sarado não tem mais vez, né? Já a minha secretária... Essa aí é um pedaço de mau caminho! Ah, Bárbara! Vinte aninhos, 1,80 metro, morena de olhos verdes. A carne aqui é fraca, doutor. Ela começou a dar condição e eu parti pro abraço sem pensar no dia seguinte. Acho que só eu não sabia que ia acordar tão mal.
- A partir deste dia eu comecei a chegar em casa e não conseguir olhar na cara da Carol. Ela está uma pilha de nervos comigo por não entender o porque d’eu andar tão ausente em casa. É complicado, sabe Dr. Sérgio? Eu não sei se conto, se não conto. Está sendo doloroso demais ficar longe dos meus filhos e da mulher que eu realmente amo. A Bárbara pode até ser um pedaço de mau caminho, mas ela tem idade pra ser minha filha! Eu tava cego com a beleza dela.
- Mas e aí doutor? O que eu faço? Conto? Não conto? Eu tenho medo de contar e ser expulso de casa. O senhor não vai falar nada? Ai ai... E agora? Eu só posso estar maluco pra vir aqui, viu? O senhor acha o que? Que eu vou pagar R$ 120,00 para vir aqui falar com a parede? Ah, quer saber? Eu vou contar pra ela, mas eu vou falar tudo o que eu sinto! Que eu a amo, mas que todo o ser humano erra! Passar bem!
- Ah, Salete, remarca pra semana que vem às 15 horas!
(Logo depois da terapia, Luiz Cláudio resolve contar para a mulher que a traiu, mas que a ama. Ela, possessa, o expulsa de casa.)
(Na semana seguinte ambos vão novamente no mesmo dia ao consultório de Dr. Sérgio. Enquanto Carolina está sendo atendida, Luiz Cláudio chega na sala de espera. Quando ela sai, dá de cara com o marido folheando uma revista de fofoca.)
- Luiz Cláudio?! Até aqui você me persegue? Já falei para você parar de tentar me ligar, se desculpar e todas essas coisas! Chega!
- Espera Carolina! Desta vez você tem que me escutar! Eu não vim aqui te perseguindo nem nada, foi ao acaso. Eu acho que principalmente por causa disso você tem que me ouvir. Eu te amo! Você foi a única mulher que eu amei, desde a primeira vez que vi! Foi só uma fraqueza, eu sei que você também me ama!
- Luiz Cláudio, pelo amor de Deus! Se você me amasse não tinha ficado com aquela sirigaita do escritório! Fraqueza por fraqueza é fácil. O seu irmão sempre me deu mole e eu nunca fiquei com ele. Não só ele, mas vários dos seus amigos, inclusive o Marcão! É! O Marcão, saradão, gostosão, surfista! Ele não tem essa barriguinha de chopp que você tem, mas nem por isso eu te larguei por ele Luiz Cláudio. Nem por isso! E agora você tem a cara de pau de me dizer que foi fraqueza? Se eu soubesse que você era tão fraco eu não tinha casado com você!
- Carolina, por favor! Carolina!
(Carolina bate a porta e vai embora. Luiz Cláudio desaba a chorar, senta no sofá de espera e fica lá aos prantos.)

domingo, 6 de junho de 2010

A Gota D'água

A porta estava aberta, parecia um convite: entre. Com um pouco de receio, olhei para os lados para ver se alguém me espiava. Não. Entrei. Aquela sala era fria e escura, não tinha ninguém. Chamei por ele, ele não veio. Chamei por ela, ela não veio. Será que eles se foram? Dela eu já esperava, mas dele? Nunca.
Marta era assim, nem ligava para os outros. Ela beirava os 25 anos e era linda. Muito linda. 1,85 metro, cabelos dourados, olhos cor de mel. Era bem sucedida, rica. Tinha tudo que queria e mais um pouco. Eu já estava esperando o dia que ela ia deixar a gente. Mas e o Luciano? Ah, o Luciano pra mim era o homem mais bonito do mundo. Não era padrão, tipo Brad Pitt. Ele era sentimental, ele gostava de poesia que nem eu. Ele não era nem alto, nem baixo. Nem loiro, nem moreno. Tampouco tinha olhos claros. Mas pra mim ele era O cara. Nunca esperei isso dele. Ele era diferente, sabe?
Fugir com a Marta? Mas ela não via nada nele. Não do jeito que eu via. A Marta podia ter tudo que ela queria, mas ela era uma pessoa meio sem cultura, sabe? Ela não lia Bukowsky, nem Drummond. Ela não ia ao cinema, nem ao teatro. Também não sei o que o Luciano viu nela. Eu pensei que ele fosse diferente. O Luciano nem era tão bonito. Na verdade ele era até feinho e não tinha dinheiro. Porque diabos, Marta tirou ele de mim se a ela pouco interessava?
Fiquei ali naquele sofá creme, sentada. Olhando em volta e esperando que o meu Luciano voltasse com seus olhos escuros e sem graça, trazendo poemas de amor para a gente ler debaixo da árvore. Só esperei.
Marta era minha irmã, nem por isso eu a amava. Ela sempre tirou de mim o que eu tinha de mais precioso, mas dessa vez foi a gota d'água. Tirar de mim o homem que era tudo na minha vida? Tudo bem. Eu tenho vinte anos, mas ele era sim o homem da minha vida.
Subi para meu quarto solitário. Queria afogar minhas mágoas no meu travesseiro e em uma barra de chocolate meio amargo e crocante que meu Luciano tinha me dado de dia dos namorados. Junto com ele tinha vindo um poema. Clichê? Nunca. O Luciano conseguia falar de amor de uma forma diferente. Só não conseguia compreender como um homem que transcrevia os sentimentos como ele podia ir embora assim. Voando.
Fui até o quarto de Marta. Nem eu sei por que motivo. Sentei em sua cadeira. Sobre a mesa, um bilhete: "Não me espere para o jantar.". Fiquei confusa. Será que ela ainda voltaria? Resolvi ligar. Marta atendeu aflita. Chorava. Perguntei-lhe o que havia acontecido e ela só me deu um endereço: Rua do Brasão, 5000.
Eu nunca tinha visto, nem ouvido a Marta chorar. Peguei um casaco e corri. Cheguei no endereço. Era um hospital. Entrei correndo. Marta me abraçou, coisa que ela nunca fazia. E disse: "Irmã, ele se foi. Deixou isso pra você.". Ela largou em minhas mãos a caneta de Luciano.
Naquele momento tudo começou a se desdobrar e a dor que eu sentia era grande demais. Me confortava saber que o Luciano me amava. Porém sem ele, eu não era nada.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Basta.

Saindo do forno.

-

Acordei. Tomei um pouco de poesia pela manhã. Me bastou. Andando pela rua vazia vi que o silêncio faz muito mais barulho do que qualquer outro som. Resolvi parar para pensar que pensar demais enlouquece e louca eu já sou, não preciso disso. Parei. Olhei para os lados, chovia. Senti a chuva me abraçar e a água me consumir. Naquele dia, eu só tinha tomado poesia. E isso basta.

sábado, 22 de maio de 2010

Desejos, vontades e afins

Depois de uns dias abandonando eu voltei!
Essas provas me tiraram de leve do ar, mas a inspiração tá sempre aqui.
Vou postar um texto que escrevi, mas antes um merchanzinho: www.myspace.com/maribotafogo

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Desejos, vontades e afins

Desejo-te nos meus braços para enfim chegar a primavera. Te vejo partir para outrora te ver na janela. Te sinto o cheiro o tempo todo, debulho-me em lágrimas. Porque se foi sem dizer nada? As vezes penso se foi em vão, mas lembro do dia em que te tive para mim e continuo a sussurar teu nome quando te vejo passar. E não tenho mais fome, agora tenho medo de amar. Me falam pra seguir em frente e te esquecer, mas como fazê-lo se eu nem quero entender? Sinto-te, vejo-te, ouço-te. O que fazer?

terça-feira, 11 de maio de 2010

Que paixão é essa?

Que paixão é essa que me toma de um jeito tenso e ao mesmo tempo lento? Que segue meus passos ao longo do caminho, ao vento. Que mexe com a loucura e me faz deixar de ser sã. Que paixão é essa que se esvai em meu colo com carinhos e carícias tenras e amores sem fim? Essa paixão que me invade, me devora, me possui. Essa paixão tem poder, porém parece ser a última a perceber. Ou será que se faz de tola e se deixa ser invadida. Discorrer sobre isso? Jamais. Essa paixão que me toma nunca saberá por mim que tem esse poder. Poder que só ela tem de invadir meu ser. Que paixão é essa?

domingo, 9 de maio de 2010

Mãe

Hoje, dia das mães, eu vou postar uma poesia que fiz pra minha ano passado.
Feliz dia das mães para todas as mães desse mundo!

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Olhos de mãe
Não se enganam
Quando te vêem
Te amam

Se por um dia
Eu pudesse viver
Como mãe
Eu seria você

Eu sei que você sorri
Quando digo que és a melhor
Não é bobagem, não é em vão
No coração, uma paixão

Ó mãe
Tu és a mais bela mulher
Uma cinderela real
Uma primavera sem igual

Desculpe te fazer sofrer
Sei que é cruel dizer
Depois de tanta decepção

Ó mãe
Perdoe-me do que fiz
Eu quero mais é ser feliz
Sempre ao lado teu

terça-feira, 4 de maio de 2010

Música.

A música me acende
A música me ascende
A música me sente
Eu sinto a música

A música me muda
Eu mudo a música
A música me ama
Eu amo a música

Se eu tivesse que viver de música
Eu não viveria de música
Viveria para a música
Porque a música é o que me mantém viva

Sem música não teria nada
Não teria graça
Não teria cor
Não teria som

Não teria vida
Imagina a vida sem música
É que nem uma vida sem cor
Uma vida triste

Uma vida sem saída
Uma vida só de dor
A música é o que guia
A música é a poesia

Sem música
Eu nada seria.

sábado, 1 de maio de 2010

Wonderland?

"- Acho que estou ficando louca! Será que estou ficando louca?
- Acho que sim, mas tem um segredo: as melhores pessoas são assim."
Alice no país das maravilhas.

Louca a ponto de que? De pensar o impossível? Aliás, o que é impossível? Pra mim ele não existe. Só se você acreditar que sim. Impossível é inatingível? É intocável? É imprevisível? É invisível?

Um pouco viajante por causa do filme e de algumas conclusões tiradas após ele...

P.S. Assistam! Vale super a pena.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Ele sim, podia.

Ele ia mudar o mundo. Ele veio com aquele intuito, ele lutou pra isso. Ele tocou a juventude na época dele. Ele tinha tudo pra ser o cara, aliás na minha opinião, ele foi o cara. Poeta, amante, amado. Poeta imortal, sua alma e essência estão nas coisas que escreve. Ele passa tudo pro papel, as vezes pra música, as vezes pra poesia, mas a obra é sempre imortal. Ele tentou mudar o mundo, ele até que conseguiu mudar sua geração. Mas isso foi ele. Agora que essa garra toda foi embora, como que faz? Se ninguém mais tem ritmo, ninguém mais tem vontade, ninguém mais é determinado. A juventude tá perdida, todo mundo sabe disso. Tá nos olhos de quem vê, quem não vê, se faz de cego.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Eu quero é mais...

Eu quero...

Cantar bem alto pra todo mundo ouvir
Dançar como se ninguém estivesse olhando
Dizer eu te amo como se não tivesse amanhã
Ver o pôr do sol
Acordar cedinho pra ir pra praia
Acordar tarde depois de uma night
Sorrir pro mundo
Chorar baixinho sem ninguém ver
Cafuné pra dormir
Uma rede depois do almoço
Uma praia deserta
Uma viagem inesquecível
Um amigo pra sempre
Uma risada gostosa
Uma loucura repentina...

Eu quero muito mais... Só quero mais...

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Now you don't

Ah sei lá. Terrível começar um post assim né?
Mas é isso mesmo. Não sei, sei lá, sabe-se lá.

Tô sentindo alguma coisa aqui dentro, mas eu não sei o que é. Se é bom, se é ruim, se vem daqui, se vem de lá.

Já me senti assim antes mas é meio tenebroso não saber porque. Sensação que as vezes é boa e as vezes me assusta. Mas a vida segue. Tô precisando de tempo pra mim. Sozinha. Pra pensar um pouco. Na vida, nas pessoas, nos fatos...

Bom, tô tão confusa que eu nem consigo fazer um texto direito.

Bye bye babys

P.S. Músiquinha abaixo que a Giu me viciou (:

Amei a letra.
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Autumns Monologue - From Autumn To Ashes

Oh why can't I be what you need?
A new improved version of me
But I'm nothing so good
No, I'm nothing
Just bones, a lonely ghost burning down songs
Of violence of love and of sorrow
I beg for just one more tomorrow
Where you hold me down, fold me in
Deep, deep, deep in the heart of your sins

I break in two over you, oh
I break in two
And each piece of me dies
And only you can give the breath of life
But you don't see me, you don't

Here I'm pinned between darkness and light
Bleached and blinded by these nights
Where I'm tossing and tortured 'til dawn
By you, visions of you then you're gone.
The shock bleeds the red from my face
When I hear someone's taken my place.
How could love be so thoughtless, so cruel?
When all, all that I did was for you

I break in two over you, oh
I break in twoAnd each piece of me dies
And only you can give the breath of life
But you don't see me, you don't

I break in two over you, oh
I break in two over you, over you
I break in two
I would break in two for you
Now you see me
Now you don't
Now you need me
Now you don't

terça-feira, 13 de abril de 2010

Fikdik

Esses dias tá difícil atualizar todo dia. Tá tudo corrido!
Reuniões, PUC por um dia, trabalhos, trabalhos, livros, livros, trabalhos e mais trabalhos!

Por isso, serei breve.

É impressionante. Quando a gente quer não tem, quando a gente deixa de querer tá na nossa mão.

Vou começar a ser do contra e quando eu quiser eu vou fingir que não quero. Fikdik

Beijo.

sábado, 10 de abril de 2010

We just don't care...

Depois da tempestade sempre vem a bonança...

É, pensar demais não dá nada certo. Mas foi pensando que eu resolvi ignorar essa vibe negativa e partir pra outra. Como diz o grande John Legend: "We just don't care, we jut don't care..." e essa agora ficou minha filosofia de vida. Chega de ficar na fossa!

Hoje passou maratona de Glee, LINDO! *-*
De 10hs as 23hs Glee direto. Nesse friozinho não tem nada melhor para ocupar a cabeça! Para quem não conhece, Glee é uma série da Fox que está indo para a segunda temporada, é um musical. Vale muito a pena assistir. Eles são brilhantes!

Fora o Glee, hoje eu gravei 3 vídeos(http://www.youtube.com/user/mari90rj/). Os com paciência, por favor assistam!

Agora um textinho meu:

Quando se pensa muito
O que parecia nada agora é tudo
O que parecia tudo agora é nada
As conclusões precipitadas
A alma está armada
A mente infestada

Quando se pensa muito
A tendência vira frequencia
E a frequencia é alta
A frequencia vira rotina
E a rotina desanima
Desatina a desanimar

Beijo, boa noite! ;)

Sem mais...

Eu vim escrever, mas sem idéias...

Esses dias eu tenho estado um tanto sentimental... Vendo romances, lendo romances, ouvindo romances... As vezes eu tenho essas fases. Agora mesmo por exemplo, eu estava vendo Glee e meu pai, do meu lado, ouvindo "Blame It On My Youth" na voz de Jamie Cullum. Tem coisa mais romântica? Essa é uma das minhas músicas preferidas, não só pela melodia, mas um tanto pela letra dela. A parte que eu mais gosto é: "If I cried a little bit, when first I learned the truth, don't blame it on my heart, blame it on my youth.".

Eu não sei porque esse romance todo, eu acho que é o frio e o fato de, por não ter o que fazer, eu começar a pensar demais. Eu odeio quando eu começo a pensar demais, eu acabo concluindo coisas que eu não queria, confundindo pensamentos, achando coisas que eu não queria achar ou até mesmo imaginando o impossível. Pensar demais, de fato, não é legal.

Bom, por hoje é só. Quem sabe se vier uma inspiração eu escreva mais tarde.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Ah, eu queria...

Ah, as vezes eu queria que a vida fosse tipo filme, sabe? Quando dá tudo certo no final.
Pois é, mas aí a gente começa a pensar, se tudo desse certo, que graça teria?
Eu tô com mó espírito de mocinha de filme, hahaha.

Hoje eu saí pra comer koni e pensei: "Por que não, com essa chuva, alugar um filminho?" e o escolhido foi o meu favorito: A Dona da História. Clichê? Historinha de amor? Ah, e daí? Todo mundo tem aquele filme que adora e já viu mais de 20 vezes, no meu caso é esse mesmo. Sinceramente, não sei o que eu vi de tão especial nesse filme, mas sei lá. Acho que só por ser romance, já me chama. rs

Eu adoro essa parte, falada por Luís Cláudio (personagem vivido por Rodrigo Santoro):
"A noite perguntou ao Bobo: 'Bobo, o que te importa nessa vida, além do amor dessa menina.'
E o Bobo respondeu: 'Nada noite, só Carolina.'
'E a tua luta?' 'Carolina'
'E o poder?' 'Carolina'
'E a glória?' 'Carolina'
'E um mundo mais justo?' 'Carolina, Carolina, Carolina... Eu quero que o mundo se exploda se eu não tiver Carolina. Eu sou o Bobo da sua noite, menina, o homem da sua vida."

Voltando a ativa

Bom, rolou quase um abandono de blog aqui. Mas não. Acho que vou voltar a ativa pelos seguintes fatos: desabafo, vontade de escrever, diversão e o mais importante, o desejo de ser jornalista um dia - como não sou ainda, a gente brinca aqui.

Minha casa tá parecendo uma prisão perpétua, rs. De refúgio só internet, TV e os chocolates mesmo. Depois dessa chuva torrencial e o medo de 2012 ter se antecipado dois anos, abre o sol na cidade do Rio de Janeiro. Esse tempo é louco mesmo! Chove, abre sol, chove, abre sol. Dá pra se decidir São Pedro? Como disse Bruno Mazzeo em seu twitter: "Parece que São Pedro colocou no shuffle.".

Espero que hoje eu consiga sair de casa pelo menos pra ir até a esquina porque até então eu não saí, tô em casa tem dois dias. Prisão? A gente fica em casa, só vê as desgraças que aconteceram, descobre que morreu um monte de gente inclusive gente conhecida, enfim... Tá demais.

Para ajudar quem perdeu tudo com essa tragédia:

- NITERÓI: O CEN (Centrinho) está recebendo doações para vítimas das chuvas (alimentos, roupas, mat higiene pessoal, etc)"

- Locais para doação no Rio: http://rjtv.globo.com/Jornalismo/RJTV/0,,MUL1559916-9101,00-VEJA+ONDE+ENVIAR+DONATIVOS+PARA+AS+VITIMAS+DAS+ENCHENTES+NO+RIO.html

- Além disso, a partir de 2ª feira, haverá recolhimento de doações no pilotis da PUC-Rio